18 de nov. de 2009



















(Alcebíades Filho (de quem, mesmo?) e Dina Alves, n`Os últimos dias de Paupéria)

Meu amigo, gosto dessa ‘estranheza’, dessa desconstrução do olhar burguês que é o olhar dominador sobre o Outro. Quando vejo você em cena, compreendo o quanto você se esquiva, ou foge desse olhar burocratizado. Mas Alcebíades, penso que ao tentar escapar a essa determinação temos que construir um olhar também de dominação desse poder estabelecido. Assim, ao marcarmos no palco novos espaços-tempos em que nós nos tornamos centro e não mais periferia em torno do poder, teríamos que de uma certa maneira dar forma ao caos criado por nossa expressividade. A impressão que tive, e foi imediata, preciso ver seu espetáculo mais vezes, é que nós, amantes da ‘arte anarcaótica’, não nos utilizamos das formas de expressão burguesas na construção de novos espaços, e que nos aprisionamos a ‘anarquia pela anarquia ou a liberdade pela liberdade’. As vezes essa estética também se torna uma camisa de força. Veja, não quero que isso seja verdade, porque não sou da Verdade, sou das sombras, sou da caverna antes de ascender a luz, Verdade para mim só existe no mundo platônico, e, como você bem sabe, nós (alguns atores) lutamos contra essa essencialidade, essa incondicionalidade do mundo das idéias criado por Platão que terminou dando num certo teatro de merda que venho assistindo ultimamente na baixada. Veja, Alcebíades, neguinho está usando o nosso espaço sagrado e embriagado do nosso deus Dioniso pra falar dessa merda de espiritismo. Teatro virou Zibia Gasparetto, pôrra! A nossa luta é a luta de Artaud, lutamos contra a esquizofrenia cultural que quer a todo o momento nos suicidar. Você Alcebíades está nos mostrando um caminho com o seu espetáculo, tanto quanto o pessoal do Camille Claudel. Um beijo.





(Petruccio Araujo)

Nenhum comentário: